1.4.09

Espelhos e histórias pra boi dormir

Já inventei muita coisa pra não ir à aula. O que mais me privava dos pedidos de "vai, filha, tu aguenta!" era quando eu falava da cólica, da TPM. Inventava essa também para a professora de Educação Física. Tanto que tinha que fazer trabalhos escritos pra recuperar as notas perdidas nas manhãs de vôlei.

Explico. Nunca levei jeito para esportes coletivos. Sempre era uma dasd últimas a ser escolhida, errava a mão no saque e entregava a bola pro time adversário nos jogos de handebol. Não era boa mesmo. Só que eu nunca me esforcei pra parecer com aquela colega que jogava tri bem. Ia de all star (agora converse) e inventava as TPM's. A professora dizia que eu deveria ir ao médico, por que menstruava de duas a quatro vezes por mês.

Quando era mais nova, imitava as caras e bocas que via no cinema. Sabia as falas, os trejeitos dos personagens, os olhares. Tentava me inspirar em alguma coisa pra descobrir como eu seria futuramente. Eu era uma incógnita até pra mim.

Hoje ainda me surpreendo comigo, por que de tanto imitar coisinhas pequenas de cada pessoa, eu acabei me transformando no que sou hoje. Eu tenho um pouco de Melvin Udall, por exemplo. Tenho manias, sou rabugenta e pode se dizer que tenho diarréia verbal. Falo muita merda. Isso eu acho que não peguei de ninguém, sei lá. Sou muito, muito sincera. O problema é que sou muito mais sincera escrevendo do que falando. Falando, me transformo numa gaga incorrigível, a voz fica mais aguda, os olhos não param. O tom de voz fica um pouco mais brando. É mais fácil ser eu quando escrevo. É por esse motivo que o blog existe. É meu ponto de contato com o que eu penso.

Mas a minha voz... Muda.

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